quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Um ar gélido bate-me no rosto, paralisa-me a ponta dos dedos.
Entra-me pela cervical e corta-me as costas, perfurando os pulmões até chegar ao coração. Caem-me lágrimas de sangue; denunciam a dor insuportável que me assalta e me rouba parte da alma que sinto mas não vejo. Ninguém vê e só sente quem quer ou quer querer!
Apetece-me gritar e sair desta prisão punidora.
Gosto da dor. Amo-te dor. Fazes-me bem.
Salto para o meio da estrada e pergunto-lhe "para onde me levas?", "porque me levas por aí?". E a estrada não me responde. Limita-se a sorrir; ou assim o parece.
Traz-me de volta... traz-me de volta quem me abandonou e sequer pensa em mim. Leva-me a quem me ama; a quem me quer bem e me quer junto a si. Dá-me a mão e um ombro em que me possa encostar.
Leva-me onde tenho que ser levada mas leva-me bem, ainda que por caminhos sinuosos, de curvas e contra-curvas, com buracos e precipícios. Ainda que não me deixes perceber que assim é que tem que ser. Leva-me por forma a que não possa fugir.
Empurra-me se necessário. Faz-me cair. Faz-me chorar. Faz-me pensar.
Traz-me de volta.... a luz, a paz, a harmonia e faz-me sentir bem comigo mesma e com quem me quer bem.
Sai do meio da estrada que um carro lá vem. Um carro que tem que vir. Porque tem que vir. Apita para que acordes.
Adeus, até à próxima.
Amanhã talvez.
Amanhã é outro dia e embora o sol seja o mesmo talvez seja outro.